Nesses dias, o rabino Shmuel Eliahu circula entre os combatentes que integram as Forças de Defesa de Israel, os cidadãos e os líderes do povo, para fortalecer e elevar seu espírito. Conversamos com ele sobre as mentiras que causaram o massacre perpetrado por terroristas palestinos do Hamas e a grande reviravolta que precisa acontecer.
A entrevista foi publicada na edição da Parashat Noach 5784 no jornal semanal Olam Katan.
Itamar Segal – Jornal Olam Katan
O rabino Shmuel Eliahu identificou a magnitude do evento no Shabat Simchat Torá, e já às 10:30 da manhã enviou uma mensagem escrita amplamente divulgada pedindo o porte de telefones e armas devido ao medo de que os eventos se espalhassem por todo o país, para a Judéia e Samaria, as cidades mistas (com populações judaicas e árabes) e o norte de Israel. “Estamos atualmente em uma grande batalha…é um perigo de vida de todas as maneiras”, diz a mensagem.
“Não há dúvida de que houve aqui uma grande desgraça, muito grande”, diz o rabino numa conversa que tivemos com ele esta semana, cerca de uma semana e meia depois do início da guerra que surpreendeu a todos na manhã de Simchat Torá. “É uma vergonha que começou com os acordos de Oslo e depois no plano de retirada (de Gaza), porque havia a percepção de que se tratássemos bem a cobra, ela se transformaria numa ovelha inocente.
“Durante trinta anos pensamos que este método iria funcionar, e cada vez ele volta e explode na nossa cara. Foi o caso de Oslo, onde os ônibus explodiam nas ruas do país, e não concordamos em admitir que era isso que estava a acontecer. No caso da retirada da Faixa de Gaza em 2005, pensávamos que a Singapura do Médio Oriente se estabeleceria em Gaza, porque foi o que disseram todos os falsos profetas – liderados por Shimon Peres – e toda a imprensa aplaudiu. Foi também o que aconteceu na operação Guardiões dos Muros: começaram a culpar os núcleos religiosos de desenvolvimento de comunidades (tradução livre para ‘garinim toraniim’) em vez de olhar a verdade, que estava diante dos olhos.
“A mídia e os sistemas jurídicos, os que definiam as políticas de governo e das Forças de Defesa de Israel, empilharam mentiras uns sobre os outros, e todas as mentiras foram transformadas em realidade em Simchat Torá.”
Como essa cegueira pode ser explicada?
"Essa é exatamente a haftará lida no último Shabat, Shabat Bereshit. A haftará que lemos no Shabat Bereshit fala sobre a realidade das pessoas cegas que têm olhos, mas não enxergam nada. "Ouvi (Israel), ó vós que sois surdos; e olhai, ó vós que sois cegos, para que possais perceber. Quem é cego como o meu servo (que não quer ver), ou surdo como o mensageiro (que não quer escutar) que envio? Quem é cego, mesmo sendo sincero, como o servo do Eterno?". A realidade já podia ser observada, mas eles não queriam abrir os olhos. Começou já no primeiro dia depois dos acordos (de paz) de Oslo, todos nos lembramos disso. Mas todos as autoridades envolvidas nos acordos de Oslo disseram: Estes são os extremistas de ambos os lados e as vítimas da paz. Não consigo entender como uma pessoa razoável pode emitir tais jogos de palavras.
"Há trinta anos que tentamos mudar a realidade aqui, e é claro que não funciona. Quando você é suave com a cobra, ela morde. Quanto sangue a mais deve ser derramado para que as pessoas percebam que a cobra é realmente uma cobra? Acreditaram que o carinho a transformará em ovelha porque é uma ilusão agradável, como todos os falsos profetas que conhecemos da Bíblia. Ao invés de se esforçar e suar, oferecem algo fácil, agradável e simples, além de ser mais tentador. As pessoas acreditaram, porque essas falsas profecias foram ditas por pessoas com títulos respeitáveis, era tentador acreditar nelas. Naturalmente, tendemos a optar pela solução mais fácil e, no final, pagamos um preço alto."
1.300 judeus foram assassinados em apenas um dia. Parece muito maior do que a destruição de um conceito de segurança. Isso pode ser visto como uma mensagem divina?
“Acho que é um grande erro atribuir algo aqui a Deus”, surpreende o rabino. “Este é um erro de fé. Há um versículo que diz: "A leviandade do homem perverte seu caminho, e seu coração se ira contra o Eterno". Os irmãos venderam Yosef e depois disseram surpresos: "O que Deus fez conosco?" Vocês trouxeram o desastre sobre si mesmos; por que você vem a Deus com reclamações nesse momento?
“Demos-lhes armas e a Faixa de Gaza, demos-lhes independência e nutrimos as cobras, agora ficamos surpresos que as cobras nos mordem? Quem tem a audácia de se dirigir a Deus com qualquer reivindicação? Afinal, tudo foi escrito antecipadamente na Torá: "Eles não habitarão em sua terra", e se você não expulsar os habitantes da terra de diante de você, e deixar alguns deles repousarem em tua vista…e eles te cercarão na terra onde habitarás". Tudo está escrito explicitamente! A Torá disse exatamente o que iria acontecer, que reivindicações você tem contra Deus?
“Na minha opinião, tivemos um milagre impressionante esta semana! Se não houvessem soldados heróicos que lutaram com muita bravura para impedir o massacre que ocorreu em Simchat Torá, teriam sido mais de 1.300, muitos milhares ou dezenas de milhares. Se não tivessem parado o massacre ali, este teria explodido em segundos até à fronteira norte. Teriam visto o grande sucesso do Hamas e não teriam ficado quietos.
"A mesma coisa teria acontecido na Galiléia, em Lod e em Ako (Acre), pois eles não ficariam quietos. Por que não massacrar e torturar mais judeus? Quem os impedirá? O massacre no sul foi interrompido por heróicos soldados e cidadãos que deram as suas vidas, dezenas e centenas, e alguns deles pagaram por isso com a própria vida. Esses heróis impediram o surto em todo o país.
“O perigo ainda existe! Os incidentes em Yehuda e Shomron atingiram um nível insano, assim como na fronteira norte, porque eles também querem "comer o bolo". Mas não atingiu um surto como no sul.
“Felizmente, o povo de Israel acordou e percebeu que se trata de pessoas piores que os nazistas, embora isso fosse do conhecimento de todos. Sabíamos disso depois do linchamento em Ramallah, depois do que fizeram à família Foguel (brutalmente assassinada enquanto dormiam), quando cortavam a cabeça das crianças nos massacres do ano de 1929. Sempre soubemos disso, nada se renovou. Soldados sírios decapitaram soldados nas Colinas do Golan. Sabíamos muito bem o que aconteceria se eles tivessem o poder de agir.
"Contávamos contos de fadas a nós mesmos, embora a verdade estivesse escrita na parede. Qualquer pessoa que assinou os Acordos de Oslo ou apoiou a retirada dos judeus da Faixa de Gaza deve fazer uma grande teshuvá (arrependimento). O conceito de Oslo e a retirada ainda é a regra no código de ética do Exército, e foi assim que o chefe das FDI se posicionou há algumas semanas e disse que o Hamas não nos atacaria. Ele tinha certeza de que o que impediria o desastre seria a concessão de autorizações de trabalho aos árabes para trabalharem em Israel."
Entre a luz e a escuridão
“O Hamas deu a esta operação o nome de "O dilúvio de Al-Aqsa”, menciona o rabino. "Eles dizem que é uma guerra sobre a mesquita Al-Aqsa (situada no Monte do Templo, em Jerusalém). Para eles, cada pescoço que cortaram foi uma guerra sobre Al-Aqsa, e cada pessoa que queimaram viva ou uma menina que estupraram, é assim que protegem a Al-Aqsa. O templo pelo qual eles atuam é um local construído em cima de gargantas cortadas. Temos que escolher qual templo queremos, para iluminar o caminho do mundo: um templo do Hezbollah, do ISIS, da Al-Qaeda e do Hamas ou um templo do Deus de Israel.
“O teste aqui não é apenas um evento no sul”, continua o rabino. “Isto pode transformar-se num evento da Jihad Islâmica, e Biden também compreende que se este negócio explodir, os árabes da Europa massacrarão bebês na Europa, e então os árabes dos Estados Unidos também sacarão as suas metralhadoras, começarão a pulverizar e matar dezenas por dia.
"É por isso que Biden fez um discurso tão pró-Israel. De repente, ele percebeu que os soldados que estão na frente da guerra no mundo entre a luz e as trevas são soldados das FDI na fronteira sul, e é por isso que ele trouxe seus dois maiores porta-aviões aqui pela primeira vez. Isto não é por amor a Israel, mas porque eles temem explicitamente que dentro de horas tal evento fique fora de controle, e todo a retórica do Islã saia da teoria para a prática. Quem os impedirá de estuprar e massacrar? Que moralidade os impedirá? Afinal, o Islã vê essas ações como um mérito que lhes habilita a entrar no paraíso".
Como deverá ser tratada toda a questão das pessoas raptadas e desaparecidas?
“Acho que todas as suas famílias deveriam manifestar-se diante de todos os tomadores de decisão, para que não devolvam água aos moradores de Gaza e nem nada mais, pressioná-los até que devolvam os sequestrados, fechar a torneira até que todos estejam de volta às suas casas.
Mesmo ao custo de prejudicar seriamente quem não está envolvido?
“Se você não pressionar os cabeças do grupo terrorista, eles não devolverão os sequestrados. Deixe-os fechar todas as torneiras, deixe os egípcios ou os persas trazerem água para eles.
“O povo de Israel está na vanguarda do esforço global entre a luz e as trevas, entre o bem e o mal, entre a abominação e a santidade. Essa é a realidade! Eles santificam o estupro, o derramamento de sangue, a crueldade e o abuso; Eles santificam todas as abominações que Deus odeia, Sodoma e Gomorra. Gaza é a maior Sodoma e Gomorra do mundo inteiro, e se não pararmos com as suas abominações, elas irão se espalhar por todo o mundo como a ideologia nazista tomou conta do mundo inteiro. Quando o mundo percebeu, na Segunda Guerra Mundial, que o mundo inteiro estava em perigo de destruição, levantou-se e destruiu a ideologia nazista. A mesma coisa está acontecendo de forma pequena aqui, e amanhã poderá acontecer em grande escala".
O rabino conclui com espírito otimista: “Não há dúvida de que o que provocou esta guerra foi a grande controvérsia que existiu no país durante muitos meses. Nossos inimigos pensaram que estávamos divididos e mais fracos e realmente essa era a nossa situação. Mas Israel ficou mais forte, jogou todas as disputas na lata de lixo e começou a vencer. Não há desertores, há 135% de recrutamento. Quando há união, nós os derrotamos, e se persistirmos nisso, venceremos até o fim."